As Novidades da Bola
Semana passada chegou mais um reforço de seu nome Anderson, o «novo Ronaldinho» de Junho (a qualquer momento deve estar a chegar o novo novo Anderson), um rapaz de 17 anos. Pergunto: obrigar um puto menor de idade a jogar naquela equipa do Porto não se qualifica como abuso de menores? Coitado do miúdo, pá.
Quem está na expectativa em relação ao Anderson é a malta do Dínamo de Moscovo. Se o puto for bom, daqui a três meses está lá. Na Europa do futebol, até já há quem se refira à equipa do Porto como o «Sputnik», porque neste momento, não passam de um satélite dos russos.
Se não tiver jeito para a bola sempre se pode dedicar a fazer rendas de bilros, pelo menos a ver pelo penteado para isso tem jeito.
O Sporting tem uma nova campanha para vender bilhetes de época. É um cartaz onde aparecem alguns jogadores com a legenda «Indomáveis». Está bem apanhado. É que eles são mesmo indomáveis. Como se viu durante esta época, nem pelo Peseiro se deixaram domar.
O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, deu uma entrevista à RTPN(?), desta vez, ao contrário da ida à SIC Notícias, tinha sido convidado. A entrevista foi elucidativa. Fiquei a saber imensas coisas sobre a estratégia que o Sporting vai seguir nos próximos tempos. Luís Filipe Vieira anunciou que o Dias da Cunha vai em breve a uma reunião da Liga. Anunciou que o Sporting também vai estar contra o sorteio dos árbitros. E que o Hugo Viana e o Liedson não vão para o Benfica. Só não soube dizer se vem ou não um avançado para o Sporting. Impressionante! O Luís Filipe Vieira deve ser o sócio mais bem informado do Sporting e, que eu saiba, nem sequer pertence ao Conselho Leonino.
A Liga decidiu acabar com as nomeações, mas os árbitros recusam-se a aceitar o sorteio. E eu compreendo-os. Porque depois de tudo o que se soube nos últimos tempos e fazendo fé no ditado, é fácil concluir que os árbitros têm azar ao jogo... Sinceramente depois do que vi este ano não sou a favor do sorteio nem a favor das nomeações. Sou a favor do abate.
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RIP
Admiro a ideia romântica de que a vida é apenas uma etapa na passagem para outro mundo, um mundo perfeito, sem fome, sem guerra, sem repartições de finanças, ou musica foleira, sem ser a Escandinávia - uma espécie de serviço publico, rumo à reforma. Nesta perspectiva, a morte não será o fim, a não ser para efeitos fiscais. Ou seja, ninguém acaba, o que é uma noção encantadora, se aplicada a nós e aos nossos, mas não tanto quando pensamos que podemos ter de levar com o Toy para todo o sempre.
Ainda há quem elabore mais, atribuindo ao ser humano uma alma que constantemente migra, de pessoa para pessoa, animal ou objecto, o que traz uma série de perguntas: há possibilidade de escolha? se sim, a quem me dirijo para reencarnar como gel de banho da Cármen Electra? se não, que animal hediondo morreu para reencarnar como Avelino Ferreira Torres?
Não consigo descortinar o conceito por detrás da forma como os portugueses se manifestam nos enterros de figuras publicas – aplaudindo – é por estas e por outras que muitas vezes se confunde, em Portugal, um espectáculo com um enterro – e nem sequer me estou a referir ao teatro de revista.
Porquê? Porque é que alguém decide aplaudir um enterro? Está a aplaudir o quê? A escolha do material? Se o caixão não fosse de um pinho tão bonito, apupava? “castanho cereja?! Uuuuuuuuuu!!!”
Se calhar, o aplauso é para os familiares. Sim, é a altura ideal para ser aplaudido, até apetece agradecer! – “obrigado, obrigado, voltem quando for a minha mãe, aí é que vai ser!”. Ou então, o aplauso é para o próprio que vai no caixão, a roer-se de vontade de o abrir para fazer uma vénia.
Muitas vezes a morte é representada como uma figura sinistra, esquálida, vestida de preto, o que ainda é capaz de intimidar quem nunca tenha visto o futebolista Petit. Mas por muito que tentemos dar uma silhueta humana à morte, esta não deixa de ser um fenómeno que está tão fora do nosso controle como a poluição do Rio Leça.
Podemos tentar adiá-la, atrasá-la, suavizá-la, mas há de haver sempre um dia em que temos de a encontrar, imponente, terrível, a jogar à bola e a fazer piqueniques.
Apesar de tudo, o Português deve ser o animal que menos se assusta com o conceito de morte. Porquê? porque esta chega sempre do futuro, e como é sabido, o Portuga é incapaz de planear seja o que for com mais de dois dias de antecedência. Valha-nos isso!
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Actualidades
Este post vai-me fazer sentir como o Professor Marcelo.
Só faltam os livros... mas isso vão à FNAC que há lá muita coisa.
Burros é o que os holandeses e os franceses não são. Começam a ficar fartos de andar a puxar a carroça europeia. Ainda por cima apercebendo-se que no veículo seguem párias desavergonhados como nós.
Se eu fosse francês e o meu chão estivesse a meter água há dois anos dificilmente eu iria mandar as minhas poupanças ao meu primo afastado português que tem o telhado a cair. E porquê? Porque eu sei que, o meu primo, apesar de precisar da minha ajuda, é maluco e estoira o dinheiro em festas, estádios, carros de alta cilindrada e, no fundo, está-se nas tintas para o telhado, para a casa e para o guito. É um estróina que só quer é rambóia. Por isso, arranjo o meu chão. Sou egoísta, mas estou bem. Europa sim, desde que não me peçam para andar com um primo desmiolado ao colo o tempo todo.
Deficit – O monstro português de que todos falam. Com as proporções mitológicas e assustadoras que o bicho começa a assumir espanta-me que ainda não haja um operador turístico que organize viagens de ingleses ao habitat da criatura. Não pensem que isto é totalmente idiota. Na Escócia o Loch Ness já rendeu milhões, já foi fotografado e nem sequer existe. Definitivamente falta-nos cultura comercial para saber aproveitar economicamente estes fenómenos.
O nosso governo decidiu introduzir medidas de austeridade que fariam do Xerife de Notingham um filantropo bonacheirão. A crise assim o justifica e nós, habituados às sevícias folgazonas do poder político, aguentámos no silêncio dos carneiros. No entanto, a muitos portugueses, uma nuvenzita de indignação passou à frente dos olhos ao perceberem que um dos ministros que lhes fala em aumentos de impostos e mexidas nas reformas recebe, ele próprio, uma pensãozita pelos seus pesados e duríssimos seis anos de trabalho no Banco de Portugal que equivale a uma quantidade obscena e aviltante de salários mínimos.
A nuvem vai passar. Os portugueses, como bons cidadãos de um país subdesenvolvido, aguentam tudo, desde que a selecção se apure para o mundial. Por isso é bem feito que nos façam isto. Se eu não tivesse vergonha e conseguisse ser político faria o mesmo ou pior. Mas a minha mãe não me perdoaria. Ninguém anda a criar um filho para fazer coisas destas às pessoas.
Nortada
Os meus caros amigos de outras partes do país façam o seguinte exercício: quando forem à praia, reparem naquelas pobres almas radiantes, que celebram um bom dia de praia como se de um tumor benigno se tratasse – ou são turistas do norte da Europa, ou são da minha terra.
Cá, um bom dia de praia é tão frequente como um político íntegro. Estamos habituados a que, mal pousemos a toalha na areia, irrompa uma nortada arrasadora, capaz de derrubar o mais “Mourinhesco” dos egos.
É por isso que falamos tão alto! É a única forma de comunicar através de rajadas de vento que impossibilitam a audição de quaisquer sons de volume e frequência abaixo da Adelaide Ferreira!
Em qualquer filme romântico, há o eterno lugar comum dos amantes apartados: os dois olham com saudades para a mesma lua, que assim funciona como elo de ligação (se estiverem interessados em mais disto, leiam Margarida Rebelo Pinto).
No Norte, é a nortada que nos une a todos, é o nosso elo de ligação – esta ventania que me está a encher de areia um ovo que ainda nem abri, é a mesma que tenta libertar a peruca do Socialista Fernando Gomes, que empurra sucessivos treinadores do FCP para fora da cidade, que traz o “mas” ao final da frase “está um bom dia para ir até à praia”.
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