quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Montanha de costas partidas

A ultima obra de Ang Lee logo no título, tem alguma ironia – Brokeback Mountain, em tradução literal, a montanha das costas partidas, nome da história de um amor homossexual? Tem de ser brincadeira.

Não acho que a homossexualidade entre dois cowboys seja uma ideia assim tão rebuscada. Afinal de contas, estamos a falar de homens que passam grandes temporadas isolados, tendo como única companhia outros cowboys, e gado. Ora, chamem-me mariconço, mas se tivesse de escolher entre um enorme bovino, ou alguém com quem sempre podia falar do tempo, até lingerie de couro começava a usar. E nem era preciso ser o Heath Ledger, ou o Jake Gyllenhaal. Até o general Ramalho Eanes ia.
Por esta razão, não me parece que o filme faça a apologia da homossexualidade. Simplesmente, apresenta-a como uma válida alternativa à zoofilia.

De qualquer forma, nunca mais vou olhar para o John Wayne da mesma forma. Bem me pareceu que aquele ondular de anca não era deficiência nenhuma. E aquela agressividade toda? Sempre aos murros e aos tiros a todos os cowboys que lhe cruzavam o caminho. Um larilas, é o que é!

Não que isso tenha alguma coisa de mal. De facto, a homossexualidade é um conceito que até tenho em alguma estima. Sobretudo a feminina mas mesmo em relação à masculina não tenho nada contra.

Adoro beber uns copos com os meus amigos, ver filmes, ir ao futebol, ou simplesmente conversar. Acho que adorava mesmo viver com eles… desdes que não tivesse que lhes tocar em parte nenhuma do corpo, e me deixassem trazer miúdas para casa.

Entretanto, parece que há uma nova estirpe de homens – Fazem nuances no cabelo, manicure, depilação, massagem, solário - aquilo a que chamam metrossexual, que sempre é menos ofensivo do que paneleiro, ou inútil. Supostamente, será o homem ideal. Não é homossexual, mas tem bom gosto (ou o que hoje em dia passa por isso), cuida de si, e é sensível. Companheiro ideal para a mulher, desde que ela tenha tendência para o lesbianismo, e não se importe de partilhar o rímel.

Na boa tradição do cinema Português, vai com certeza aparecer um filme Português, que conta a história de dois pastorinhos que se apaixonam um pelo outro. Podem ser dois rapazitos que façam aquelas novelas para miúdos da TVI, por muito maus actores que sejam, são naturalmente dotados para o papel. Depois anunciam que se apaixonaram realmente durante as gravações, casam-se em Espanha e 3 meses depois estão num reality show da TVI, a discutir tarefas diárias com o Frota, o Zé Castelo Branco, e um violador de menores.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Barreira

Depois de ter ido pela enésima vez almoçar à cantina da Faculdade de Economia hoje reparei nesta placa numa saída do porque de estacionamento desta.



É só impressão minha ou há alguma coisa que não bate certo?

sábado, fevereiro 11, 2006

Os Cartoons

Alguns Muçulmanos (penso que uma minoria), a ala mais radical e extremista (e mais influenciável pelos seus líderes), estão mais uma vez a provar que são fanáticos, intolerantes, irascíveis, raivosos, pelo menos se pensarmos nestes que vemos nos noticiários, a berrar, a atirar pedras, a queimar bandeiras. É claro que, em boa verdade, essas também podiam ser imagens de mais uma demolição de barracas na Amadora, mas isso já é outra conversa.

Ainda pior do que ver as imagens nos distúrbios (os causados pelos Árabes) na televisão, é estar lá. Na televisão, só temos mesmo a imagem e o som. Quem lá está, expõe-se àquilo que de mais temível há numa multidão – o cheiro. Sinceramente, estando lá, não sei o que ia procurar primeiro, se a policia, se um desodorizante. Esse, sim, é o verdadeiro Deus de muita daquela gente, mais inatingível do que o profeta Maomé – a higiene pessoal.

Os Católicos seriam simplesmente incapazes de tais demonstrações de violência. Não há registo de nada assim, na história da igreja Católica. Pelo menos, depois do Santo Oficio.

Mesmo nós, Portugueses, podemos orgulhar-nos de termos dado, ao longo da nossa história, que começou alguns anos antes da “Escrava Isaura”, um valioso contributo para a pacífica coexistência de religiões no nosso país. Isto graças à nossa mentalidade aberta, ao respeito pelas ideias dos outros, e ao nosso temperamento brando, embora a Inquisição também tenha ajudado.

No que toca à fúria dos Muçulmanos, há um erro de casting. Os Nórdicos não têm culpa, não fizeram por mal. Niilistas por transmissão genética, é-lhes tão possível conceber o conceito de “sagrado”, como conseguir um bronzeado saudável, ou pronunciar a palavra “bacalhau”. Não há nada que coloquem acima deles próprios, a começar pela sexualidade, sua ou dos que os rodeiam.

E o pior ainda está para vir. O Islão vai contra-atacar com cartoons próprios. Eles vão desenhar coisas para chatear o resto do mundo. Já estou a imaginar: José a apanhar Maria na cama com dois homens, e a berrar, furioso “Muito bem! Qual de vocês é o Concepção e qual é o Maculada???”; Hitler, irado, a dizer aos seus generais “Não erra parra os matarr! Eu só querria umas alheirras!!!”; Buda, sentado na sua posição típica, em cima de uma retrete, a pensar “vai em paz, meu filho”. Mas mesmo assim, e não me incluindo a mim em nenhuma religião, duvido que algum destes povos reagisse de tal maneira extremista.

Enfim, vai ser difícil, temos de ser fortes. Ou pelo menos, se nos der a fúria, e quisermos mesmo queimar, berrar e partir, temos de nos lembrar de o fazer em sítios em que ninguém note, como a Amadora.

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

A Tropa

Há algumas semanas atrás estava eu em casa e recebo uma carta a dar a notícia que no dia 7 de Fevereiro (ontem) teria de ir a Gaia, ao regimento de artilharia 5 na serra do Pilar, ao dia da defesa nacional, aquela coisa que o Paulo Portas inventou para dizer que já não há Serviço militar obrigatório, obrigando-nos a perder um dia para irmos a um conjunto de actividades chatas e sem interesse que supostamente nos aliciarão para a vida militar, ou seja, um dos dias mais inutilmente desperdiçados da minha vida até agora.

Eu lá fui, dava-me mais jeito ter ficado a estudar Análise Matemática, mas pensando bem assim arranjei uma boa desculpa para o bastante provável chumbo à cadeira.
Apesar do atraso da camioneta lá chegamos enfim ao quartel.
Primeira impressão: só gajos, aquilo ainda é pior que a FEUP… Porquê que as meninas não têm que ir? Eu tenho tantas aspirações de seguir carreira militar que uma bailarina clássica e fui… Pelo menos sempre dava para animar mais o dia…
Mas adiante, a primeira cerimónia a que assistimos foi o içar da bandeira, acabada esta mandaram-nos ir tomar o pequeno-almoço e depois deste lá fomos para uma palestra (leia-se seca) de onde saímos para visitar uma parte do quartel e ver algum do armamento usado pelo exército. À primeira vista a maioria daquelas armas pareciam relíquias da 2ª Guerra Mundial e da Guerra Colonial, e eram… mas também ainda são usadas pelos militares portugueses.
Hora do almoço – muita fome… fome que passou logo quando vimos o almoço. Sopas com aspecto de Nestum com algas moídas, ossos de coelho com batatas cozidas até a exaustão até ficarem com aspecto de puré. Nem o sumo de laranja se aproveitava. Depois de (não) ter comido aquilo tudo, que nem deu para encher o buraco de uma úlcera estomacal, salvou-me uma máquina de chocolates… um twix não é muito saudável mas deu para tirar o sabor daquilo que tinha acabado de ingerir. Felizmente resultou e não tive de vomitar o chão todo.
Depois mais uma palestra, sobre os cursos que se pode tirar nos vários ramos militares (Forças armadas, Marinha e Exército). Parecia uma reunião de tamparueres onde nos tentaram impingir uma carreira militar.
A seguir a isto lanche e mais uma vez a refeição era coisa boa... umas bolachinhas (que pelo aspecto fizeram anos recentemente) e um yogurte de banana.
E pronto, lá arrearam a bandeira e fomos todos para casa… assim se passou um dia, sem fazer nada de útil para o meu futuro, mas pronto... até à próxima senhores tenentes.

P.S. Apesar de tudo o dia de ontem melhorou a imagem que eu tinha das forças armadas… mas qualquer coisa em comparação com a “1ª Companhia” é bom.

sábado, fevereiro 04, 2006

Este manto branco!

O nevão do fim-de-semana passado foi coisa bonita de se ver. À primeira vista, podia parecer um simples fenómeno meteorológico. À segunda e terceira também. Mas é aí que entra o Português, com a sua capacidade de romancear o trivial a roçar o budismo.
- É molhada…é fria…
- Pois, mas é branquinha!

Nem Moisés teve um povo assim. Impostos, desemprego, inflação, tudo isso se esquece, desde que haja uma vitória desportiva, política, ou desde que esteja frio o suficiente para que a odiosa chuva fique um pouco mais sólida, e caia aos floquinhos.

Manchetes de jornais berravam “Sul do país não está preparado para nevões!!!”. Isto é trágico! Em que é que esta gente anda a pensar? Ainda há 52 anos nevou em Lisboa!

Eu, por acaso, estou preparado. Tenho um trenó mesmo ao pé da porta, pronto para estes casos. E ao lado deste, uma prancha de Surf, para quando for à Serra da Estrela. Nunca se sabe.
Ainda bem que há quem chame a atenção para estes problemas. Eu proponho já como prioridade Nacional a construção de um teleférico sobre a cidade de Lisboa. A partir da OTA. E logo a seguir, um guarda-roupa novo para o professor Cavaco Silva.

Infelizmente a neve só caiu durante umas horas, e portanto, não deu para que o governo decretasse o estado de calamidade. A única esperança é que os D'zrt se decidam a ir lá dar um concerto.

Mas as maiores vitimas foram, sem dúvida, os habitantes dos subúrbios de Lisboa. Deve ter sido grande a sua alegria, ao ver as ruas das suas localidades cobertas (e, mais importante, escondidas) por um branco e virginal manto de neve. Só equiparada à desilusão de o ver a esbater-se, com a merda da paisagem de sempre a vir ao de cima.

Foi um Domingo mágico! Muita gente tirou fotografias, brincou com a neve (a que conseguiu agarrar antes de cair no chão e derreter), presenciou algo de muito raro, mas acima de tudo, esqueceu que no dia seguinte seria segunda-feira. Isso sim, é milagre!