sexta-feira, setembro 09, 2005

Se7en

De tudo o que tem a ver com a religião católica, o que eu menos percebo são os chamados sete pecados mortais: preguiça, gula, luxúria, ira, cobiça, inveja e orgulho.
Das duas uma, ou não existem pecados mortais, ou faltam aqui alguns – votar PNR, ou comprar discos dos D’zrt, por exemplo.

Os primeiros três são os chamados pecados do corpo, e supostamente só prejudicam quem os comete.
Mas porque raio é que algo que eu faça, que apenas me prejudica a mim, automaticamente me condena ao inferno? Se eu:
a) Tivesse obrigado o Jaime Gama a não mexer a peida a vida toda, causando-lhe aquele físico de tipo que usou botas ortopédicas até aos 17 anos
b) Num acto de gula desenfreada, tivesse engolido o Marques Mendes
c) Fosse a Elsa Raposo
Ainda percebia. Mas se não prejudico ninguém, qual é o mal? Que espécie de Deus é este, que me dá o livre arbítrio, mas não mo deixa usar? E porque é que Ele não se candidata à presidência da Madeira?

Os pecados seguintes são os pecados do espírito, e prejudicam outrem. Por essa razão, concordo que haja uma punição, embora a eternidade no inferno me pareça excessiva. Se calhar, bastava uma semana a mergulhar na água da praia de Matosinhos. Bem... Que venha o Diabo e escolha.

De qualquer forma, devia haver “graus de pecado”, isto é, os pecados de espírito deviam ser distinguidos nas suas formas mais e menos graves.
Por exemplo, a ira. Nem toda a ira é prejudicial. Depende do mal que a pessoa irada consiga causar. O António Vitorino, na sua primeira intervenção após a mais recente vitória do PS, demonstrou toda a sua ira para com a comunicação social (o célebre “habituem-se!!!”). Mas…quem é que se assusta com aquele badameco?

A cobiça e a inveja, os mais humanos dos pecados. Dependendo do grau de intensidade que tomarem, podem levar ao crime, ou simplesmente à ambição. É a diferença entre um assassino, e um líder de uma nação. Sim, às vezes não é muita…

Por fim, o orgulho. A ser um pecado mortal, acrescenta mais um círculo do inferno aos 9 que Dante refere na “Divina Comédia”, o círculo José Mourinho.

Os pecados mortais não matam ninguém. O que fazem é condenar à eternidade no inferno, isto é, estamos a falar de futuro. Ora, como todos sabemos, para o Português, o futuro é depois de amanhã. Depois isso vê-se.
Se querem realmente assustar-nos, é melhor dar outro nome aos pecados mortais. Chamem-lhes “Pecados que fazem a nossa equipa perder em casa”; “Pecados que acabam com os tremoços”; “Pecados que obrigam a beber cerveja sem álcool” – era tudo a andar nos eixos…

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