quarta-feira, setembro 14, 2005

Há Quem Diga Que:

“Este país está cheio de porcaria”. Isto faz-vos lembrar alguma coisa?

Participar numa manifestação do PNR em Lisboa revela a mesma argúcia e fineza de espírito que invadir a Rússia no Inverno. Nisso, a extrema-direita portuguesa, composta por meia dúzia de glabros patéticos e desocupados, demonstrou alinhar pelo diapasão do seu lunático líder histórico, o shor Adolfo.

Segundo eles, a ideia é fazer uma marcha de protesto contra a adopção de crianças por casais homossexuais e o “lobby gay" (o que quer que isso seja). Tudo bem, toda a gente pode fazer marchas. Aliás, lá por Lisboa têm muita a mania disso mas é mais por altura do Santo António.

O problema está no conteúdo discriminatório e preconceituoso dos manifestantes em relação a quem tem opções sexuais "diferentes".

Manifestantes esses que devem ser os mesmos que à uns meses também “marcharam” contra a criminalidade que, segundo eles, era da responsabilidade dos imigrantes e dos negros em particular (o célebre “arrastão”).

Não haja duvida que esses senhores são um grupo bem representativo da pureza da raça portuguesa, é composto por uma mistura de judeus, árabes, celtas, africanos, entre outros de origem bem menos decifrável. Ou seja, se o português fosse um cão, era um simpático e mui nobre rafeirolas com uma mistura de quinze raças conhecidas e vinte e três desconhecidas.

Os “marchantes”, bem como a maioria dos portugueses normais são um conjunto de mulatos claros a precisar de praia (de Carcavelos, quem sabe). Nós somos, como diziam Caetanto e Gil numa das belíssimas cançonetas que fizeram juntos, “quase brancos, pobres como pretos”. Portugal é um país pobre de gente meio mestiça. Foi esse o resultado da nossa história, da nossa evolução, da miscigenação.

Como já alguém disse o português é o preto da Europa. Aliás, nos países ricos do norte, onde temos a condição de emigrantes, somos perseguidos por grupos de extrema-direita, como qualquer senegalês e, temos de ter cuidado, quando assobiamos para uma branca.

A criminalidade é um problema social. Por isso quero que seja tratado como tal. Quero que acabem com ele de uma forma eficaz, tanto do ponto de vista da prevenção como da repressão. Não me interessa se os responsáveis pelos roubos no areal de Carcavelos e na linha de Sintra são índios antropófagos, suecos satânicos, birmaneses que bebem por caveiras, ou aborígenes que degustam lagartas gordas em grutas. Ou melhor, estou-me a borrifar para a cor do ladrão. De preferência nem lhe quero é ver a cor.

Mas voltado à questão da manifestação de sábado… bem o melhor é nem perder mais tempo a falar nisso, pois vindo de quem vem…

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