É bonito ver os nossos dois candidatos presidenciais a assumir as suas tácticas de uma forma tão frontal. E digo (escrevo) dois porque os outros, a julgar pela cobertura mediática que têm, interessam tanto como a quota de pescas do Bahrein.
Mário Soares, no rés-do-chão, berra tudo o que pode, para ver se consegue convencer Cavaco Silva, que está lá em cima no 4º andar, com vista panorâmica para Portugal, a vir cá abaixo discutir com ele. Já o professor, mantém-se imperturbável, escudado pelo seu vestuário da Maconde à prova de insultos, provocações, ou essa coisa chamada realidade.
Mas o avô Mário já nem tem idade para estas coisas, a presidência da república, que se calhar era melhor para alguém que ainda tivesse idade para ter vontade de completar algo mais do que um ciclo digestivo.
Das cinzas renasceu Cavaco Silva. Foi, tal como o seu discurso, um processo lento e gradual. Já ninguém se lembra daquele primeiro ministro que só não foi arrasado por Guterres porque passou a bola a Fernando Nogueira, o Santana Lopes de então.
O Prof. Cavaco Silva de agora promete impedir que os nossos governantes tomem alguma medida remotamente parecida com as que tomou o antigo Prof. Cavaco Silva quando estava no governo.
Temos de reconhecer a pose de estado do não-politico-profissional. Pelo ar que consegue pôr, merece um alto cargo, mas…sei lá…a presidência de um condomínio em Carcavelos, ou do CSSPE – o Clube de Sueca de S. Pedro do Estoril. E deixávamos a presidência da república para alguém que percebesse um pouco mais do que vai para lá fazer e já agora que mastigasse como as pessoas.
Entretanto, os outros pseudo-candidatos continuam a sua cruzada no deserto.
Louçã queixa-se de tudo e de todos, sinal evidente de que o quer que seja que anda a tomar para a queda do cabelo não está a resultar. Talvez devesse considerar a hipótese Fernando Gomes.
Alegre é um homem grandioso. Corajoso, fiel, recto, magnânime. Infelizmente, para quem vive fora de uma peça de Shakespeare, tudo isso se confunde com presunção.
Quanto a Jerónimo de Sousa, continua a querer mudar a forma como a riqueza é distribuída, como o povo é tratado em Portugal, etc., etc., mas já não é nada mau se conseguir chegar até ao dia das eleições sem perder a voz.
Resta-nos Manuel João Vieira e o José Maria Martins.
O primeiro é um visionário que faz qualquer humorista parecer o general Ramalho Eanes, é folião, irresponsável, alucinado, descarado, completamente desprovido de ambição, divertido. O outro para além de ter todas as características do Manuel Vieira ainda é advogado do Bibi.
Ora aqui está uma escolha difícil.
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